OPINIÃO
Por João Guilherme*
Chamar a classe trabalhadora explorada, os povos indígenas, a população periférica e moradores de rua de vagabundos pelo visto não é nenhuma novidade.
E uma das muitas armadilhas empreendidas pela ideologia dominante é estabelecer como sinônimos os conceitos de crescimento econômico e qualidade de vida.
Vamos analisar mais profundamente.
O crescimento acontece para poucos, nas costas de muitos que são obrigados a se aglomerar nas periferias pra sustentar o sistema.
Cada grama de matéria-prima extraída da natureza, cada tijolo assentado na construção civil, cada pedra colocada na construção de ruas e estradas, assim como as máquinas que produzem os bens de consumo, foram feitos por escravos, trabalhadores, gente pobre e explorada que sempre teve suas liberdades mais fundamentais negadas.
O trabalhador que fica na fábrica 10h por dia ralando vai chegar em casa e ouvir no noticiário que o indígena, o integrante do MST e o favelado são todos vagabundos, e vai achar que ele, trabalhador explorado, é quem sustenta essas pessoas com dinheiro de impostos. Creio que essa seja uma estratégia da classe dominante justamente pra impedir que a classe oprimida se una, causando um sentimento de revolta e ódio entre si, não contra aqueles que perpetuam sua opressão. Então naturalmente essa ideologia vai acabar com qualquer resquício de consciência de classe e de luta.
Uma conclusão possível para essa breve análise de conflitos é que a classe dominante, para legitimar a violência que ela emprega contra essas pessoas e manter a classe trabalhadora desunida e submissa, precisa pintar a caricatura do índio selvagem, bárbaro e primitivo, do militante invasor, do preto bandido, tudo isso sob a falsa impressão de ser um “cidadão de bem” e parte da elite, que só não mora numa “Noruega” por culpa desses “sub-humanos” que estragam o país.
*Integrante do Grupo de Estudos Práxis Revolucionária


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